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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

AS ONGS PODEM REMUNERAR SEUS DIRIGENTES?



Por: Alexandre Ciconello é advogado e Coordenador da área jurídica da ABONG - Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais e Marcela Moraes é estudante de direito e estagiária da ABONG.


Não há impedimento legal para a remuneração de dirigentes de ONGs. O Novo Código Civil, que dispõe sobre a criação de associações e fundações, e a Lei de Registros Públicos, que dispõe sobre o registro dessas pessoas jurídicas, não fazem qualquer restrição a essa possibilidade.
Há no Brasil, no entanto, um entendimento muitas vezes equivocado, principalmente por parte do Poder Público, de que entidades sem fins lucrativos (associações e fundações) não devem remunerar seus dirigentes. Alguns dos principais motivos que levam a essa interpretação são:
·         A característica histórica das pessoas que ocupam os cargos de diretoria de organizações sem fins lucrativos o fazerem de modo voluntário ou gratuito.
·         A falsa ideia de que a finalidade não lucrativa da organização abrangeria a vedação da possibilidade de remuneração de dirigentes.
·         O argumento de que remunerar dirigentes seria uma forma disfarçada de distribuição de lucros.
·         A dificuldade ética de lidar com a ambiguidade, de que pessoas com poder de influência nas decisões da organização, receberem remuneração por sua função executiva na entidade ou pela prestação de serviços específicos.





A remuneração dos dirigentes consiste em uma contraprestação pelo trabalho que estas exercem em favor da
entidade, o que não se confunde com a distribuição de lucros. O conceito de finalidade não lucrativa se define pela não distribuição aos associados, diretores, conselheiros, etc., de eventuais excedentes operacionais ou parcelas do patrimônio da associação e pela aplicação integral destes recursos na realização da respectiva missão da organização.

Apesar de não haver impedimento legal para a remuneração, o Poder Público impõe algumas limitações às organizações que optam por essa remuneração.
A entidade poderá perder alguns benefícios fiscais, como a imunidade ou isenção ao imposto de renda, condicionados pela Receita Federal à não remuneração dos dirigentes[1] (com exceção das entidades que se qualificam como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público/OSCIP, como se verá a seguir).
Além disso, a entidade que remunerar seus dirigentes não poderá pleitear o título de Utilidade Pública Federal (UPF), junto ao Ministério da Justiça, nem o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), perante o CNAS, qualificações necessárias para que se requeira a imunidade da quota patronal do INSS e muitas vezes exigidas para a celebração de convênios com órgãos públicos.
A Lei 9790/99 abre a possibilidade de remuneração de dirigentes para entidades que adquirirem a qualificação de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público/OSCIP, desde que estes efetivamente atuem na gestão executiva da entidade ou lhe prestem serviços específicos. O artigo 34 da Lei 10.637/02 prevê a isenção do imposto de renda a estas organizações quando a remuneração decorrer de vínculo empregatício. Há uma ressalva, no entanto, quanto ao valor do salário, que não pode ser superior, em seu valor bruto, ao limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo Federal e deve respeitar os valores praticados no mercado de trabalho da região de atuação da entidade.
  
[1] Para a Receita Federal, diretor é a “pessoa que exerce a direção de uma instituição ou associação civil, (...) podendo ser ou não associado. Os diretores são, em princípio escolhidos por eleição de assembleia, nos períodos assinalados nos seus estatutos”. Faz distinção entre o diretor e o administrador, que seria “a pessoa que pratica, com habitualidade, atos privativos de gerência ou administração de negócios da empresa, e o faz por delegação ou designação de assembleia, de diretoria ou de diretor”.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

GESTÃO DE PROJETOS PARA MELHORIAS DA SAÚDE


Por: Rafael Vargas
Administrador do Terceiro Setor

 

“Gestão de projeto no mundo” Será um novo capitulo do meu blog é mostrara alguns sucessos de projetos em varias áreas tanto do setor governamental, privado ou terceiro setor.  Estou tirando essas referencias de uma nova leitura, um livro que comprei alguns meses e agora resolvi degustar “Gestão de Projetos/Jack Gido, James P. Clements; tradução Vertice Translate; revisão técnica Silvio Burrattino Melhado. - São Paulo: Cengage Learning, 2013.” O importante é a disseminação desta ferramenta e como você pode adaptar a sua realidade.  Estreando esse primeiro capitulo de GESTÃO DE PROJETOS NO MUNDO, o tema é “gestão de projetos para melhorias da saúde”, uma história de Pat Ryan, secretário-chefe de informação da Interior Health Authority (IHA), na província de British Columbia (Canadá), que utilizou os conceitos básicos de gestão de projetos para implementar com sucesso dois grande projetos de TI em um importante sistema de assistência médica.

Espero que seja uma leitura agradável e proveitosa

Então vejamos o que ele fez.

A IHA atende 690.000 pessoas, possui 28 unidades de tratamento intensivo, 91 unidade de saúde, 183 localidades, 740 contratos particulares, 17.000 funcionários e 1.200 médicos em British Columbia.  O governo federal canadense, suas dez províncias e três territórios trabalham em conjunto para oferecer assistência médica aos residentes qualificados por meio de um programa nacional de seguro-saúde.  Para gerenciar e oferecer os serviços de saúde segurados, há cinco anos a província de British Columbia formou a IHA por meio da fusão de várias entidades: cinco regiões de saúde e 14 conselhos de saúde.  A recém formada IHA precisava de um sistema de negócios único e integrado.  O trabalho de Pat Ryan foi combinar 19 sistemas clínicos e de negócios independentes e com múltiplas plataformas.

Especificamente, o objetivo do projeto de implementação de Sistema de Negócios (BSI) era integrar mais de cem aplicativos internos.  O objetivo do segundo projeto, implementação de Sistemas Clínicos (CSI), era consolidar a padronizar o registro clínico eletrônico, o qual ficaria acessível aos funcionários e médicos em instalações locais e remotas (on-site e off-site).

Ryan começou estabelecendo suporte executivo para os dois projetos.  Executivos foram envolvidos neles desde o inicio, para resolver problemas, ajudar a eliminar barreiras e responder por eles.  A relação custo-benefício dos projetos foi analisada para confirmar se eles se adequavam à missão da IHA.  O custo estimado para o projeto BSI foi de 3,2 milhões de dólares canadenses, mas ele iria economizar 4,3 milhões de dólares canadenses por ano à IHA em custos administrativos.  O projeto CSI custaria 20 milhões de dólares canadenses para criar um registro clínico eletrônico acessível e padronizado.

Em seguida, Ryan concentrou-se em desenvolver equipes de projeto eficazes e com autonomia.  De modo geral, os gerentes de cada projeto estabeleceram canais abertos de comunicação, realizaram análises frequentes do projeto e seguiram um protolo visando avaliar e tomar as medidas necessárias para evitar riscos.  Para o projeto BSI, as equipes foram criadas em uma organização hierárquica, com suporte executivo no topo.  Um comitê gestor foi criado, composto de gestores de projetos atribuídos para cada módulo especializado do novo sistema financeiro, e responsabilizado por produzir relatórios quinzenais para os executivos no topo e relatórios trimestrais para a diretoria da IHA.  As 34 equipes envolvidas no projeto CSI colaboraram em um esquema de projeto, de modo que os membros tivessem um sentimento de propriedade por esse planejamento.  Elas também criaram um plano de comunicação formal para compartilhar informações com as principais partes interessadas.

O projeto BSI durou 14 meses e ficou abaixo do orçamento, sem grandes problemas ou períodos de inatividade.  O novo sistema financeiro integrado agora gera economia de 4,3 milhões de dólares canadenses por ano.  O projeto CSI está sendo implementado em fases, de acordo com a localização geográfica.  As fases 1 e 2 foram concluídas e, até agora, cerca de 70% dos médicos da organização utilizam o novo registro clínico eletrônico on-site e off-site.  A maior fase de implementação estava prevista para abril de 2005.  O sucesso dos dois projetos é confirmado por estes resultado reais e mensuráveis: economia de custos e elevado índice de aceitação entre os usuários.

 

Saiba mais na referência:

Wyllie, T. Back to Basics – Practical Magic for Project Managment Success. CMA Management, abril de 2004, p. 33-7

 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PLANEJANDO NOVAS FORMAS DE RECURSOS PARA SUA ONG


Por: Rafael Vargas Lara
Administrador do Terceiro Setor


Sempre me perguntam se uma organização beneficente pode ter outra fonte de recurso para sustentar suas atividades e alcançar seus objetivos.  Não encontrei nenhum impedimento que a organização possa vender produtos ou gerar serviços

Para que uma organização beneficente possa ter outras formas de recurso, se faz necessário explicitar em seu estatuto os meios pelos quais conseguirá manter suas atividades e alcançar os objetivos podendo formatar um programa de geração de renda. Esta é uma determinação constante do artigo 54 do Código Civil Brasileiro.

Avaliar, portanto, as fontes de recurso que uma determinada Organização beneficente inseriu no Estatuto é conhecer um pouco suas atividades reais e ter ciência de que estas atividades correspondem e são realmente coerentes com os objetivos sociais também destacados neste Estatuto.

Exemplo de organizações em Rondônia que se utiliza desta pratica é a Sociedade Brasileira de Educadores pela Paz do Estado de Rondônia, uma ONG que desenvolve praticas de educação profissional de gratuidade para comunidades carentes, além de ter outros projetos culturais e educacionais, seu estatuto é voltado para essa atividade, mas, também tem o programa de serviço para o setor empresarial da região, onde oferecer serviço de cursos de capacitação para empresas, com preço de acordo com o mercado. E toda a renda gerada pelo serviço é voltada para o investimento da própria organização, pagamento de aluguel, luz, água, colaboradores e entre outros.

É bom dizer que o gestor tem que zelar para que haja correspondência e coerência entre fontes de recursos usados e os objetivos sociais, esse é o primeiro passo para o exercício da transparência por qualquer organização beneficente.

Dentre as fontes existentes, os recursos de uma associação podem advir de negócios jurídicos realizados por ela, como a venda de produtos e a prestação de serviços e qualquer outra modalidade de contratos estabelecidos com particulares e com entes públicos e privados.

Portanto, uma organização beneficente, como qualquer outra pessoa, pode vender produtos e prestar serviços de qualquer natureza. Porém, desde que relacionados ao seu objeto social e, especialmente, desde que o valor arrecadado com estas práticas seja empenhado na consecução dos objetivos sociais desta Organização.  Reforçando, os valores recebidos devem ser integralmente aplicados em território nacional para desenvolvimento das atividades beneficentes definidas nos atos constitutivos da organização.

Planejar a geração de renda de uma organização beneficente para sua sustentabilidade é, neste sentido, fundamental para ampliar as formas de captação de recursos e, mantendo consonância com os objetivos sociais, exercitar a transparência e oferecer a sociedade, contratantes e parceiros total segurança no investimento social/cultural que estão fazendo.

Cabe lembrar que a organização terá de cumprir as obrigações acessórias relacionadas ao comércio, tais como: proceder a inscrição estadual, promover a apuração de CIMS, requerer a isenção de tais tributos relacionados a circulação de mercadorias, possuir livros de entrada e saída de mercadorias, e e outras formas de controle fiscal.

Importante senhor gestor que planejem e avaliem seu estatuto para promover esta forma de recurso.  E senhores parceiros, fica dica de quando contratar uma organização beneficente, é importante conferir os estatutos, planos da ação, e a regularização da organização e se realmente ela investe na sustentabilidade dos seus programa e projetos sociais.
 
Fica a dica.