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terça-feira, 2 de julho de 2013

Para organizações da sociedade civil, Estado Laico está ameaçado


Fonte: Revista do Terceiro Setor
Publicado por graciela

por Débora Prado

Um extenso elenco de organizações de áreas como saúde, psicologia, antropologia, direitos humanos e das mulheres organizaram uma mobilização no Congresso Nacional na segunda-feira (17/6) em defesa da laicidade do Estado. A intenção foi alertar lideranças políticas sobre propostas que tramitam na Câmara e no Senado e que, se aprovadas, representariam o comprometimento de princípios democráticos e maior incidência do fundamentalismo religioso no Estado, segundo as instituições.

“Há várias proposições que ameaçam o princípio do Estado Laico, mas as mais urgentes nesse sentido são as do Estatuto do Nascituro, de requerimento da instalação da CPI contra a prática do aborto e a proposta de emenda constitucional que garante às igrejas a arguição de constitucionalidade frente ao Supremo Tribunal Federal”, destaca a socióloga e diretora do Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria) Guacira Cesar Oliveira.

“Precisamos dar visibilidade para essa ameaça de retrocesso dentro e fora do Congresso”, frisa a socióloga. “Vamos conversar com todos aqueles e aquelas parlamentares que defendem os direitos humanos e o direito das mulheres. Há partidos de diferentes bases ideológicas que podem sustentar a defesa desses princípios que são constitucionais e basilares para a democracia brasileira”, complementa.

A proposta das organizações não é gerar um sentimento antirreligioso, segundo a diretora do Cfemea, mas sim alertar para o grande crescimento da bancada fundamentalista no Congresso e os riscos colocados à agenda democrática. “Vamos como interlocutoras legítimas de uma parte importante da sociedade brasileira que não tem televisão, não é dona de partido político, não tem dízimo, mas tem expressão e relevância na nossa sociedade”, afirma.

Além do próprio Cfemea, representantes da Articulação de Mulheres Brasileiras, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras, da ANIS (Associação Nacional pela Inclusão Social), da Associação Brasileira de Antropologia, Associação Brasileira de Enfermagem, Católicas pelo Direito de Decidir, CEBES (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde), CLADEM (Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher), Conselho Federal de Serviço Social, Conselho Federal de Psicologia, INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos), Marcha Mundial de Mulheres, Platafoma Dhesca (Rede Nacional de Direitos Humanos), Rede Feminista de Saúde, Rede Nacional de Advogados Populares, SOS Corpo -Instituto Feminista para a Democracia, entre outras, irão dialogar com parlamentares para solicitar atenção especial a estes itens e maior espaço para o debate com organizações sociais que defendem o princípio do Estado Laico no debate sobre a legislação e políticas públicas.

Perspectivas

De acordo com Guacira, a arguição de constitucionalidade para as Igrejas é uma afronta ao Estado laico: “As Igrejas poderiam questionar o STF com base em princípios religiosos, ou seja, ele estaria aberto a questionamentos próprios de teocracias e não de democracias”, explica.

Em relação ao Estatuto do Nascituro, para a socióloga, seria possível apontar diferentes aspectos que ferem princípios democráticos. “Vou destacar um: a vida das mulheres e o direito das mulheres dar a vida seriam inferiores aos direitos conferido a um conjunto de células dentro de um tubo de ensaios no congelador. Uma lei nesse sentido é totalmente antiética”, pontua.

Já a proposta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o aborto, segundo ela, é uma tentativa de criminalização da discussão sobre o direito ao aborto. “A CPI iria investigar e punir o debate sobre a legalização do aborto. A CPI tem claramente o propósito de intimidar e inviabilizar as organizações que promoverem o debate sobre a problemática do aborto no país, que dizem para a sociedade que a prática do aborto não é uma questão de polícia, mas sim uma questão social e de saúde pública. Essa CPI é absolutamente antidemocrática, pois tem como objetivo calar o debate sobre o direito ao aborto, algo inerente, desejável e fundamental a qualquer democracia”, defende.

Segundo a socióloga, as perspectivas com essa ação de diálogo com parlamentares são positivas. “Nossa convicção é que os princípios que orientam grande parte dos partidos políticos são condizentes com aquilo que estamos defendendo. Em que pesem os interesses eleitorais em jogo, acreditamos que, em uma democracia, os princípios que a gente defende são coerentes e deverão ter o suporte necessário para evitar um retrocesso inaceitável no país”, avalia.


Governo trava debate sobre marco regulatório para OSCs

Fonte: Associação Brasileira de ONGs - ABONG

Debate de seis meses em GT que reuniu a governo e organizações é ignorado pelo Planalto. Dois outros projetos que poderiam coibir o uso de ONGs para a corrupção tramitam no Congresso

As manifestações que varreram o país nas últimas duas semanas colocaram o combate à corrupção entre as pautas do dia. Nesse contexto, é fundamental a definição de um marco regulatório para as parcerias entre o Estado e as Organizações da Sociedade Civil (OSCs, termo que inclui ONGs, Oscips, fundações e outras entidades não governamentais que atuam na esfera pública), definindo regras claras e transparentes e impedindo o uso das organizações para o desvio de recursos públicos.

Esse foi o foco das discussões do Grupo de Trabalho do Marco Regulatório, coordenado pela Secretaria Geral da Presidência da República, que reuniu oito ministérios e 14 entidades nacionais das OSCs para discutir as melhores práticas de transparência e gestão pública para dar credibilidade e fortalecer o papel das OSCs como instrumento de participação social e democrática. Foram seis meses de debates para definir um arcabouço legal que defina de forma clara os direitos e deveres de organizações e Poder Público nos contratos de parceria, garantindo segurança jurídica, priorizando a transparência na prestação de contas e coibindo atos de corrupção.

As informações sobre todo o processo de discussão e criação do projeto de lei estão no relatório final do GT (clique aqui para acessar).

Entre os principais produtos do debate está a minuta de um Projeto de Lei que define o marco regulatório. No entanto, o PL foi engavetado pela presidência e nunca chegou a ser enviado para o Congresso. Ele cria um instrumento específico para regular a relação de colaboração entre o governo federal e OSCs, o Termo de Fomento e Colaboração, com regras pensadas para o setor. Além disso, prevê outras medidas como a exigência de experiência de pelo menos três anos da entidade e uma espécie de “ficha limpa” das OSCs, proibindo contratos com o Estado por até oito anos para organizações que firam a legislação.

Paralelamente, dois projetos que caminham na mesma direção estão em discussão no Congresso Nacional. O primeiro foi relatado na Câmara pelo deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG). Além deste, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também está relatando um projeto sobre o tema. Em ambos os casos, a proposta é criar um instrumento próprio, com regras claras de transparência e prestação de contas tanto para o governo quanto para as organizações. A idéia é que o convênio – instrumento criado para repasses entre entes federados – deixe de ser usado para ONGs, pois cria uma série de problemas.

Promessa de campanha

A definição de uma legislação específica é uma demanda das próprias entidades, organizadas na Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as OSCs, que representa mais de 50 mil organizações, movimentos sociais e redes num espaço de discussão e cobrança de um arcabouço legal que dê mais segurança e amplie as possibilidades de organização e ação da sociedade.

Trata-se também de uma promessa de campanha da presidenta Dilma Rousseff. Durante a campanha eleitoral de 2010, a então candidata assinou um documento proposto pela Plataforma em que se comprometeu com a criação de um marco regulatório e de políticas de fomento para o setor. Os signatários da plataforma buscarão uma audiência com a presidenta Dilma para reforçar suas reivindicações e cobrar o compromisso assumido.

Além do marco regulatório, a sociedade civil reivindica a criação de um Fundo de Apoio à Democracia e à Participação Social, que as organizações poderiam acessar para realizar educação cidadã, promover o controle social e o diálogo da sociedade com os poderes públicos. Outra reivindicação é a criação de mecanismos de apoio a pequenos projetos, para entidades menores e de caráter popular ou ligadas à economia solidária. OSCs que já têm experiência em dar apoio financeiro e técnico para organizações pequenas estão disponíveis para elaborar uma política nesse sentido.

As OSCs cobram uma legislação clara e acesso a fundos públicos com base em critérios republicanos e transparência. Por sua vez, comprometem-se a zelar pelo sentido público de sua atuação, adotando práticas de boa gestão, auto-regulação, transparência e prestação de contas, e intensificar a qualidade de suas ações nos processos de mobilização social e participação.

CONTATOS PARA ENTREVISTAS:

ABONG - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ONGS
(11) 3237-2122
Vera Maria Masagão Ribeiro

GIFE - GRUPO DE INSTITUTOS, FUNDAÇÕES E EMPRESAS
(11) 3816-1209
Andre Degenszajn

CLAI-BRASIL - CONSELHO LATINO-AMERICANO DE IGREJAS - REGIÃO BRASIL
(71) 2104-5457
Eliana Bellini Rolemberg

FUNDAÇÃO GRUPO ESQUEL BRASIL
(61) 3322-2062
Silvio Rocha Sant’ana

UNICAFES - UNIÃO NACIONAL DE COOPERATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA

(61) 3323-6609
Daniel Turibio Rech

CÁRITAS BRASILEIRA
(61) 3521-0350/0392
Ademar de Andrade Bertucci

VISÃO MUNDIAL
(61) 8324-1818
Welinton Pereira da Silva

INESC - INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS
(61) 3212-0200
José Antônio Moroni
 
ISA - INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL
(11) 3515-8910
Adriana Ramos

 QUEM SOMOS

O Observatório da Sociedade Civil é um projeto que visa dar visibilidade para o trabalho de entidades essenciais para a democracia brasileira, ampliando a transparência e qualificando o debate social a respeito do tema, com especial atenção à mídia. Inicialmente organizado pela da Abong – Organizações em Defesa de Direitos e Bens Comuns, o projeto pretende atrair novos parceiros, ampliar sua atuação e tornar-se referência na relação entre OSCs e a população.

Contato: (11) 3237-2122
Responsável: Nicolau Soares